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domingo, 14 de fevereiro de 2010

5ª parte do conto

Agosto de 1976, parte 2

   Há um mês atrás eu tinha uma namorada. Eu pensava que ela era daquelas únicas pessoas que me amasse de verdade. Quando eu disse dos meus planos de viver uma vida normal, ela simplesmente parou de falar comigo. Mas antes de sair completamente da minha vida, ela me disse:
   - Eu namorava com você porque você era diferente, agora você vai se tornar comum demais pra mim.
   Eu entendi que essa ‘diferença’ que eu tinha, era ser rico.
Depois disso desacreditei que existia amor, desacreditei que as pessoas são capazes de se doar umas as outras pelo simples fato de se gostarem. Mas passei a acreditar mais ainda em interesse e tive mais convicção que dinheiro não trás felicidade. Eu poderia falar que passei a dar valor nos meus amigos, mas quais amigos? Eu não tinha!
   Se tinha alguém na minha vida que eu dava valor, era na minha mãe. Ela sim era mulher que merecia tudo que eu poderia sentir. Estava comigo a todos os momentos, em todas as dificuldades, e acima de tudo, era a milha melhor amiga. Acho que isso era o importante, isso que valia a pena!

Tudo muda, tudo se transforma, enfim.

    Eu acordei as cinco horas da manhã com o despertador gritando ao meu lado. A casa estava em total silêncio. Levantei e quando olhei pro meu uniforme em cima de uma cadeira ao lado da minha cama me dei conta de que ele não tinha sido passado. Andei pela casa naquele silêncio imenso e não achei nenhum ferro pra poder passar minhas roupas... o jeito era ir com aquele uniforme todo amarrotado. Quando o vesti vi que a minha prima tinha comprado o maior numero da loja. Eu estava parecendo um saco de batatas, mas não tinha outra solução. Definitivamente aquele não seria um bom primeiro dia de aula.

Quando eu chego na cozinha é que eu me dou conta de que não havia café, nem nada. Eu não queria acordar a Val – era o apelido ‘carinhoso’ da minha prima. Comi um pão que estava em cima da geladeira e voltei pra conferir as minhas coisas no meu ‘quarto’. Eu não tinha nem desfeito a minha mala – que era minúscula – e agora era só colocar as poucas coisas que eu tinha tirado, dentro dela de novo e ir pra escola.
   O segundo semestre já tinha começado a uma semana e eu sabia que a essa altura as pessoas já haviam feito amizades e as panelinhas haviam se formado. Encontrar algum amigo agora iria ser difícil.
Eu tinha uma vaga noção de onde era a minha escola. Tínhamos passado em frente quando estávamos voltando da rodoviária.
    Peguei minha mochila e saí. Ainda estava um pouco escuro, com alguns raios solares atrás dos prédios, e o medo se apossou de mim. Mas continuei andando.
   Andei, andei, andei, andei e não cheguei. Pensei ter pegado o caminho errado. Mas não tinha outro jeito, tinha quer por ali. Andei mais um pouco e finalmente avistei a escola. Me deu um alívio e apressei o passo... eu estava atrasada.

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