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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

12ª parte do conto

O amor mais sublime.

    Eu tinha certeza de que ele tinha chorado na noite passada enquanto eu orava. Eu não sabia por que e nem quis perguntar. Era como se eu precisasse do silêncio entre a gente para me manter forte... qualquer palavra parecia me desmoronar.
O fim da semana estava próximo e era extremamente insuportável saber que eu teria que voltar para casa.
    Mas voltei. Quer dizer, não pra minha casa, mas para casa da minha prima, o que piorou e muito as coisas. Eu me sentia um peixe totalmente fora d’água.
   - Lisa, como você foi para a escola na segunda feira? – estranhei muito ela ter se preocupado com isso... e só agora.
   - Eu sabia mais ou menos. Quando viemos da rodoviária nós passamos em frente. É um pouco longe, mas deu pra ir.
   - Ah! – ela suspirou.
   Engraçado né? Acho que qualquer pessoa em sã consciência se preocuparia, mas ela pareceu indiferente.
Os dias se passaram arrastados e quando eu acordei na segunda feira eu estava muito animada.
    Quando cheguei na escola e coloquei minhas poucas coisas no meu quarto – ou melhor, no quarto do Paulo e do Níkolas – eu percebi que não havia nenhuma coisa dele por lá. Eu confesso que me desesperei completamente.
   Eu podia não falar nada com ele, mas era muito estranho não tê-lo por perto.
    Era como se eu soubesse que no meio de tanta coisa, no meio de tanta complicação, haveria alguém pra me apoiar quando eu precisasse. Era verdade que eu tentava ao máximo não dizer alguma coisa, mas era muito bom saber que se eu precisasse ele estaria ali para me ouvir.
   Ele também parecia me evitar, mas eu sabia que ele pensava parecido comigo. Não tinha como saber certamente, mas eu sentia isso.
Os dias passavam como se tivessem setenta e duas horas, e não vinte e quatro. Pareciam nunca acabar.
   Mas foi na quarta feira que eu compreendi tudo aquilo que estava acontecendo comigo.
    Eu estava voltando do almoço... eu estava subindo a escada, de cabeça baixa, absorta – como sempre – nos meus infinitos pensamentos, quando de repente bati em alguém.
   - Desculpa! – disse a voz.
   Quando olhei para ver quem era quase caí para trás. Em todos os meus sonhos românticos, eu nunca havia imaginado ninguém como ele. Era um menino lindo. Quer dizer, não era a coisa mais linda do mundo, mas ele tinha um sorriso, um olhar de compaixão que me enfeitiçou e eu senti cada músculo, cada artéria, cada célula do meu corpo se estremecendo.
Eu não consegui falar nada. Só sorri e continuei subindo a escada.
   Não era isso que eu tinha sentido quando vi o Níkolas. Era uma coisa completamente desconhecida para mim.
    Cheguei no meu quarto e deitei na cama pensando naqueles olhos, pretos e profundos, olhando pra mim e sorrindo. Como eu era idiota! Um menino daquele nunca falaria comigo. Eu era magrela, com um uniforme cinco números maiores que eu, cabelo ruim, pobre e nenhuma coisa para chamar atenção. E ele? Ele era do tipo que só se interessava por garotas perfeitas, e perfeição, definitivamente, não era meu forte.

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