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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

7ª parte do conto

Comentem, por favor .
vamos ao conto :




Eu percebi que ela era do tipo de pessoa que, ou você fazia o que ela mandava, ou então você se meteria numa baita encrenca. Assenti com a cabeça e levantei pra sair.
   - Espera, eu vou te levar até la. – ela disse.
   Ela se levantou e me levou a um quarto que ficava no andar superior.
    Pelo o que eu vi, aquilo la era comum. Quer dizer, não muito comum, mas tinha pessoas que faziam isso. Geralmente era os alunos mais velhos. Acho que a disciplina, naquele ponto ali, era falha. Ela me deixou na porta de um quarto e disse:
   - É ai. Deixa suas coisas e volta la pro meu quarto as sete. A fiscalização é por volta dessa hora.

 Sempre que as pessoas faziam algo de errado, nada acontecia. Mas quando eu resolvia fazer, sempre eu era descoberta. O medo se aposso de mim. Quando entrei eu vi que o quarto estava vazio, não tinha ninguém. Não tinha nada, exceto por algumas peças de roupa masculinas, que imaginei que fosse do Paulo para despistar os fiscais. Imaginei que aquela fosse minha cama, e então coloquei minhas coisas nas gavetas em baixo da cama de modo que nada aparecesse. Na outra cama tinha um livro aberto e eu sentei para lê-lo. Quando peguei o livro nas mãos a porta se abriu e de um salto eu me levantei, toda sem jeito.

Minha estranha colega de quarto.

    Eu tinha acabado de subir pro meu quarto e quando abri a porta vi uma menina que parecia ter acabado de fazer algo muito errado. Depois de reparar bem vi que ela estava lendo meu livro, e tinha apenas se assustado com o abrir da porta.
   Ela me olhou de um jeito que me fez sentir o que eu nunca havia sentido. Sua expressão de imenso horror me seduzia, em alguma parte de mim.
   - Oi.
   Ela pareceu se assustar com o fato de que eu pudesse falar. Parecia que ela pensava que eu era algum boneco sem boca e sem curiosidade. Olhou pra baixo, num ato de extrema timidez:
   - Oi. – ela respondeu.
- O que você esta fazendo aqui?
   - Não sei.
   Não entendi o que ela quis dizer, mas decidi não perguntar. Ela parecia frágil demais pra qualquer questionamento.
    Ela olhou na minha direção e me perfurou com aqueles olhos tão pretos e tão intensos. Eu tive a sensação de que ela carregava consigo muita coisa, muita coisa além do que eu podia imaginar.
- Me mandaram ficar aqui. – ela disse. O medo era perceptível na sua voz. - Tem um menino no meu quarto, no meu lugar. Acho que o lugar dele é aqui e ele quer trocar comigo e me disse que se eu não ficasse aqui ele ir...
   - Ta, já entendi. – eu a interrompi. - Eles fazem isso por aqui. Prazer, meu nome é Níkolas. - eu disse estendendo a minha mão.
   Ela sorriu constrangida e estendo a mão pra pegar na minha, respondeu:
   - Prazer. O meu é Elizabeth.
Tinha alguma coisa naquele sorriso, naquele jeito, que eu não conseguia entender, mas que me atraía. Não com segundas intenções, mas eu me apaixonei por aquela menina. Não no sentido literal da palavra... eu sabia que ela tinha passado por muita coisa e eu me apaixonei pela história dela antes mesmo de saber como era. Eu queria desvendá-la, conhecê-la, saber tudo sobre ela.
   Mas de repente o sorriso de sumiu e eu vi que ela estava a beira de lágrimas.
   - Ta acontecendo alguma coisa?
   - Eu estou com medo, medo que alguma coisa aconteça.
Eu não sabia exatamente o que a fazia ter medo, mas sabia que não queria vê-la daquele jeito.
    - Não se preocupe, Elizabeth. Nada vai acontecer. As pessoas fazem isso e eu acho que tem gente que sabe, mas aqui nunca foi uma escola muito rígida, pelo que sei. Não como a gente imagina quando dizem que é uma escola militar. Nada vai acontecer, calma.
   Se ela confiava em mim, eu não sei. Só sei que pareceu se tranqüilizar.
    Ela olhou pro chão um longo tempo e eu me senti um perfeito idiota de estar ali olhando pra ela, sem fazer nada, sem perguntar nada. Ela estava chorando, estava desesperada, mas eu não sabia o que fazer, não sabia o que falar. Foi quando, de repente...










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