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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

10ª parte do conto

A porta se abriu, e num impulso eu levantei da minha cama – quer dizer, da cama do Paulo – e sai do quarto. Não trocamos palavra alguma e eu fui o mais devagar possível ao encontro do Níkolas. Eu não tinha certeza se eu queria vê-lo, se eu queria enfrentá-lo de novo.
   Comecei a pensar em tudo... na minha mãe, na minha vida até ali e principalmente como as coisas seriam dali para frente. Estava tudo muito louco, tudo muito confuso. E se eu tinha certeza de alguma coisa, era que eu iria precisar de alguém, mais do que nunca. Alguém pra estar comigo sempre que eu precisasse... e ali, naquele momento, não havia ninguém além do Níkolas. Isso realmente me assustou!
Quando entrei no quarto ele estava sentado na cama. Quando ele viu que eu tinha aberto a porta, levantou a cabeça de repente, olhou pra mim – eu detestava aquele olhar (ou amava, não sei) – e sorriu.
   - Você ta melhor?
   Fiquei constrangida com a pergunta. Me deu a impressão de que ele tinha pensado que eu estava louca, ou coisa assim. O mais engraçado que o seu sorriso não era de alguém que tinha achado tudo aquilo engraçado, e sim um sorriso de quem se preocupava.
   - Estou sim. – e sorri sem jeito.
Graças a Deus ele se levantou, pegou a toalha e foi se banhar. Ele não disse mais nada e isso me aliviou.
    O fato era que se ele tinha me esperado só pra ver como eu estava, ele se preocupava. Pelo jeito que ele me olhava e sorria quando ele me via eu sabia que ele já me amava, de alguma forma. E, detesto admitir, eu também o amava – de alguma maneira estranha, improvável e desconhecida... mas eu amava!
Como funciona?

   Ela tinha entrado no quarto e parecia assustada por eu ter perguntado ela se ela estava bem. Talvez tenha realmente sido meio indelicado da minha parte, mas o fato era que eu me preocupava. Eu não sabia explicar como aquilo aconteceu, mas eu já sentia alguma coisa por ela.
   Peguei minhas coisas e vim tomar um banho. Eu precisava relaxar, precisava me concentrar para colocar tantos pensamentos e tantas coisas em ordem.
    Eu não acredito no amor, eu não acredito que as pessoas podem se amar como eles dizem que podem, e também não acredito que pra ser feliz é preciso ter alguém. Amor nunca trás felicidade, nunca! No meu modo de ver as coisas, existem apenas duas coisas no universo: interesse e amigos – e eu não tenho nenhum dos dois.
Mas naquele dia, vendo ela ali, eu fiquei com medo de estar sentindo a coisa que eu achava mais idiota. Fiquei com medo de que toda a certeza e toda força que eu fazia para manter essa certeza viva em mim, acabasse ali. Eu fiquei com medo, realmente, de estar amando.
   Isso me deixava com medo, com muito medo.




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