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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

15ª parte do conto

gente, desculpas por não ter postado ontem, estou meio ocupada essa semana.
por isso to postando partes maiores.
obrigada, beijos :* s2



Quando finalmente cheguei no quarto ela estava la estudando.
   - Oi. – eu arrisquei tentando ser educado.
   Ela se virou, olhou pra mim e perguntou:
   - Você esta melhor?
   Tinha um ar inconfundível de ternura nela que me fez querer abraçá-la e não soltar mais. Mas é claro que eu não fiz isso.
   - Melhor que ontem, mas não muito bem. – eu estava sendo sincero.
   - Eu sinto muito por tudo isso que ta acontecendo.
   - Um pouco é você que provoca. – imediatamente me arrependi de ter dito isso.
Ela me olhou com uma cara de espanto e dúvida.
   - É que você é tão misteriosa as vezes. – e tentei ri e esconder através do riso a minha vergonha.
   - Eu? Por quê? – ela disse com um ar de graça na voz.
    - Sei la, é que eu não entendo o que acontece com você. As vezes é como se nós nos conhecêssemos a anos, e as vezes parecemos estranhos. E isso me deixa intrigado, o que me obriga a ficar pensando em mais coisa do que eu deveria. – eu ri.
   Ela riu.
   - Desculpa. Prometo ser como sua melhor amiga daqui para frente. – ela riu mais ainda.
    - Mas você esta realmente sendo a minha melhor amiga. – que coisa idiota a ser dita. Eu mal a conhecia, mas é que foi o que me veio a cabeça e eu disse isso num tom completamente sério... e sincero!
    Ela se espantou com o que eu disse mas estava feliz por ter ouvido aquilo. Ela não ria, mas estava com uma expressão de felicidade.
   - Você também é muito especial pra mim. – ela disse, sorriu e ficou me olhando com aquele rosto tão fora dos padrões de beleza, mas especialmente lindo para mim.
   O assunto se encerrou ali e eu fui para o banheiro – naquele quarto minúsculo la era o único refugio.
    Eu gostava dela, mas eu queria simplesmente protegê-la, ajudá-la... e não outras coisas que eu deduzi que sentiria se estivesse apaixonado por ela. Ou seja, eu estava começando a desenvolver um sentimento verdadeiro, mas não uma paixão... era amizade, das grandes!
   Mas eu não sabia dizer ao certo se era realmente isso.
   Eu estava muito confuso com tudo.
    O fato era que desde que ela aparecera na minha vida tudo tinha ganhado um colorido especial e os meus problemas estavam sendo mais fáceis de resolver. Para mim não importava o papel que ela desempenhasse – amiga ou namorada – o fato era que eu gostava de tê-la por perto e não queria que isso mudasse jamais!

Dias perfeitos existem sim.

    Eu estava mais feliz do que jamais estive em muito tempo. As coisas realmente estavam boas pra mim, estavam se encaixando. Eu tinha o melhor amigo do mundo – e o único – e isso me confortava. Só tinha um problema: o final de semana estava ali, batendo na porta.
   Eu não queria voltar para casa, eu queria me refugiar na escola para sempre e de preferência com o Níkolas, mas isso era impossível.
Nós conversávamos até tarde da noite, brincávamos um com o outro e sempre que podíamos almoçávamos juntos.
    Nós éramos desconhecidos naquela escola, então comentários não existiam. O único defeito é que eu sabia que quando saíssemos para passar o final de semana cada um em suas respectivas casas, as coisas iriam mudar muito. Afinal se havia alguma certeza no meio disso tudo era que nós dois pertencíamos a mundos completamente distintos e intocáveis.
- Minha mãe vai para casa de uma tia minha, passar um tempo por la por causa do que aconteceu com o meu pai. Não é bom para ela ficar tão sozinha em casa. – ele me disse no almoço de quinta feira.
   - É, não é bom mesmo.
   - Pois é. O difícil agora é que eu vou ter que ir para a casa dela esse final de semana. E eu não gosto dessa coisa de ficar incomodando as pessoas.
   - Então não vai ué.
   - Se eu não for minha mãe morre, tenho certeza. – e ele riu dando três tapinhas na mesa para afastar o azar.
   - É, então não tem como você não ir. Mas onde sua tia mora?
   - É aqui em São Paulo mesmo, mas é uma fazenda, fora da cidade.
   - Ah ta! – eu disse.
    Se seguiu um silêncio que agora deixava de ser muito constrangedor, mas não era legal. Já tínhamos acabado de almoçar e estávamos só fazendo uma hora.
Vamos?
   - Vamos. – e me levantei da mesa para ir embora.
   Ele riu e disse:
   - Não Lisa... vamos pra fazenda comigo?
    Eu fiquei muito sem graça. Não sabia dizer se era por ter entendido errado ou pelo convite. Ninguém nunca me chamava para nada e agora e ele estava me chamando para ir passar um final de semana inteiro com ele.
   - Vamos, por favor! – ele insistiu quando percebeu que eu não respondia – Vou ficar la o tempo todo sem fazer nada. E la é bem legal.
   - Mas você não vai para passar o tempo com a sua mãe?
    - É. Mas ela sempre gosta de ficar na cozinha com a minha tia e então eu fico muito por fora dos assuntos. E onde já se viu melhores amigos que não conhecem os pais um do outro? – e ele deu um sorriso tímido que me encantava.
   - Ué, tenho que ver com a minha prima. Acho que ela não se importa.
   - Ta bom. Amanhã, quando formos sair, eu passo na sua casa e nós conversamos com ela.
    Eu fiquei com muita vergonha dele ir na casa da minha prima. A casa era muito simples e ele era rico. Também fiquei com medo da reação dela, ela poderia brigar com ele, ser grosseira, essas coisas. Fiquei apreensiva, mas eu não tinha escolha... ele estava decidido.

Quando chegou finalmente a sexta feira ele já estava no quarto, com as coisas prontas para sairmos, quando eu cheguei.
   - Arruma suas coisas rápido que o motorista já esta ali esperando.
   Motorista? Nossa! Fiquei meio sem jeito.
   Arrumei tudo muito rápido e fomos para a casa da minha tia.
    Quando chegamos la ele pareceu indiferente como o fato da casa ser bastante humilde. Entrou comigo como se estivesse entrando numa casa de família bastante rica. Conversava comigo sem olhar para nada, pediu licença ao entrar – num ato de educação – e se sentou na mesa com uma postura incrível. Olhava só para mim e não ficava encarando as coisas como se tudo aquilo fosse uma grande aberração.
   Se ele fazia isso de propósito, eu não sei. Mas o fato é que se ele estivesse fingindo estar confortável, ele realmente era um bom ator.

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