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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

3ª parte do conto

Gente, não esquece de comentar , por favor se não eu vou parar de postar.
OBS.: vou postar uma parte maior hoje, a pedidos :D

Ah, mas era a década de 60 e falar de mulher bem sucedida era pecado. As mulheres não tinha vez, não tinham voz. Era como se nós tivéssemos nascido pra trabalhar, e como se a minha mãe estivesse no lugar certo e não tivesse o direito de mudar isso.
    Mas eu não pensava como ela, eu não pensava em ficar calada e quieta. Eu ainda era nova, mas sabia que não passaria a vida inteira como ela tinha passado a dela.
Meu grande sonho era ser uma grande pianista. Eu tinha herdado isso da minha avó, além do meu nome. Eu achava lindo sentar naquele banquinho e começar a tocar, tecla por tecla, aquela música calma e com um som inconfundível de paz.
   Paz? É, eu precisava de paz. Como não podia tê-la no mundo, eu decidi tê-la dentro de mim.


Agosto de 1976

    Eu estava chegando da escola quando presenciei a pior cena da minha vida. Cheguei em casa e ouvi gritos logo na entrada. Corri e quando cheguei o quarto o Jorge estava agredindo minha mãe.
   Eu gritei, queria matá-lo na hora, mas ele veio com uma cara muito estranha na minha direção e foi me encurralando. Eu tentei sair, mas não tinha como. Ele começou a passar a mão pela minha cintura e ficar se esfregando em mim. Subiu a mão pra dentro da minha blusa e quando eu percebi as reais intenções dele tentei empurrá-lo, mas ele era bem mais forte que eu.

Só lembro da minha mãe gritar e pular pra cima dele. Eu saí correndo, e sai do quarto. Na mesma hora arrumei todas as minhas coisas, que não eram muitas, e fiquei pensando pra onde ir.
    Eu não sabia o que fazer, pra quem ligar, mas pra minha surpresa eu não era a única que queria que eu saísse daquela casa. Minha mãe já estava planejando isso e foi depois dessa cena que eu vim pra São Paulo, morar com uma prima da minha mãe.
Hoje eu tenho 15 anos. Eu estou com muito medo, muito medo mesmo. É tudo tão diferente onde estou agora. Tudo muito diferente de onde eu vim.
   O ônibus chegou já faz quase uma hora e ninguém veio me buscar ainda. É muito grande essa rodoviária e eu não conheço ninguém. Ninguém mesmo, nem a minha prima. Talvez ela seja a moça sentada do meu lado ou talvez aquela velhinha ali encostada no guichê... ou talvez ela realmente tenha se esquecido que eu vinha e não veio me buscar.
Já era noite quando finalmente uma mulher daquelas com a cara bastante fechada chegou e me perguntou se eu era Elizabeth. De todas as pessoas daquela rodoviária, ela era a ultima pessoa com quem eu queria ir embora. Mas fui.
   Ela nunca sorria e só dizia o necessário, que por sinal era bem pouco. Era como se eu estivesse um peixe literalmente fora d’água.
Amanhã começa as minhas aulas. É um colégio totalmente diferente do que eu tinha... é militar! Entramos segunda de manhã e só saímos nas sextas a tarde. Mas eu me determinei que vou estudar. Alguma coisa eu tenho que ser né? E no que eu decidir seguir, eu vou ser a melhor!

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