Páginas

segunda-feira, 1 de março de 2010

17ª parte

Ele entendeu o meu constrangimento e disse:
   - Desculpa.
   - Não foi nada. É que você nunca tinha feito isso antes.
   - Eu sei. – ele riu.
   E voltamos àquele silêncio.
- Nossa, esses bolinhos são as melhores coisas que eu já comi. – ele disse e estava comendo desesperado os bolinhos. – Aceita? – e me estendo a vasilha.
   - Não, obrigada. – eu não queria estragar o prazer dele.
   Ele comia com a melhor reação do mundo.
   - Meu pai não permitia frituras, por isso nunca comi.
   Eu ri e disse:
   - Depois eu faço mais para você.
   - Você sabe fazer isso? – ele perguntou espantado.
   - Sei. – eu respondi indiferente.
    Vi que pela sua reação ele seria capaz de me beijar novamente, mas ainda bem que ele não fez isso. Se seguiu um tempo e um silêncio imenso.
- Sua tia é estranha. – ele disse de repente.
   - Ela não é minha tia. É minha prima.
   - Ah sim, desculpa. Mas achei estranho ela não perguntar nada.
    - Normal. Ela esta mais preocupada se vai acontecer alguma coisa com você do que comigo. Ela não liga se eu vou morrer ou não. – eu ri.
   - E você ri disso? – ele perguntou espantado.
   Eu me senti corar e respondi:
    - Ué, chorar eu não vou não é? Quando vim para cá eu não esperava atenção dela. Imagino que tenha sido besteira irmos la. Ela ficaria feliz se eu não voltasse para casa, seja qual fosse o motivo.
   Ele pareceu se espantar:
   - Mas por que você veio morar com ela então?
   Nós nunca tínhamos falado disso e eu me senti estranha ao tocar no assunto.
   - É uma longa história.
Para minha felicidade ele entendeu que ‘essa é uma longa história’ era uma maneira carinhosa de dizer que eu não queria falar no assunto.
   - Ta, um dia você me conta.
   Eu sorri e seguimos todo o resto do caminho em silêncio.
Começamos a entrar em um bairro que eu nunca havia imaginado existir. Casas maravilhosas, tudo muito perfeito.
   Paramos em frente a uma casa muito linda. Ele pegou a minha mão e disse:
   - Vem.
    Fiquei meio constrangida e descemos. Ele pareceu não perceber o meu nervosismo. Tentei não olhar pros lados, mas foi difícil. Entramos na casa e eu fiquei maravilhada com tanta coisa bonita.
   - É rápido. – ele disse. – Fica a vontade.
   Sentei no sofá e quase afundei de tão macio. Era tudo muito impecável, tudo muito perfeito.
Após algum tempo ele chegou.
   - To pronto, vamos?
   Eu sorri, me levantei e nós saímos.
   - Bonita sua casa. – me achei muito idiota por ter dito isso.
   - Sempre que quiser aqui, venha. Vou adorar.
   Me constrangi um pouco por ele falar isso, e só sorri meio sem graça.
Entramos no carro e ficamos em silêncio.
   Eu estava começando um pouco de medo em relação aos sentimentos dele. Eu não sentia nada por ele a não ser amizade, mas eu não conseguia entender se ele sentia apenas isso por mim ou se havia mais alguma coisa.
   A viagem foi tranqüila e demorada. Umas duas horas.
   Conversamos pouco, mas foi bom.
    As vezes eu olhava para ele e via que ele também olhava para mim. Isso bagunçava a minha cabeça mais ainda. Tudo muito confuso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário